Conasems debate impacto dos acidentes de moto para o SUS no Fórum SBOT
19/09/2025 12:09
Por Estefany Bonifácio sob supervisão de Maria Luíza Diniz - Conasems

Nesta quinta-feira (18/09), o secretário executivo do Conasems, Mauro Junqueira, participou do Fórum SBOT para Jornalistas, realizado na Câmara dos Deputados, em Brasília (DF). O evento discutiu o impacto dos traumas por motocicletas na saúde pública do Brasil e integrou as atividades promovidas pela Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) em homenagem ao Dia do Ortopedista.
O vice-presidente do Instituto Nacional de Projetos para Trânsito e Segurança (Inpotran) e jornalista, Francisco Vieira Garonce, coordenou a apresentação do Fórum. Participaram da mesa o secretário executivo do Conasems, Mauro Junqueira; o deputado federal e médico Luiz Antonio de Souza Teixeira; o presidente da SBOT, Paulo Lobo; o representante da SBOT, Marcos Esner Musafir; representando a Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), Marcos Motta; representando representante da sociedade civil (Favela Digital), Clarissa Crisóstomo; Leonardo Moura Villela, do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass); e o diretor de Jornalismo da ABI, Moacyr de Oliveira Filho.

O representante da Vital Strategies, Dante Rosado apresentou o panorama dos traumas no país com base em dados recentes da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS). Os números indicam que, em 2023, o Brasil registrou 34.881 mortes no trânsito, o equivalente a 95 por dia, sendo quatro por hora. Rosado destacou que, diariamente, os acidentes de trânsito no Brasil superam o número de mortes da tragédia aérea da Chapecoense, em 2016, que deixou 71 vítimas fatais.
Entre 1995 e 2023, mais de 35 mil mortes foram registradas anualmente, com o pico em 2012, quando quase 45 mil pessoas faleceram em acidentes por motocicletas. No recorte específico de motociclistas, a década de 1990 contabilizava cerca de mil mortes por ano, enquanto em 2023 foram 13.523. Atualmente, o Brasil tem uma frota de 35 milhões de motocicletas, representando 28% da frota nacional, com maior concentração no Norte (50%) e Nordeste (46%), seguidos do Centro-Oeste (29%), Sul (22%) e Sudeste (20%). Em 25 anos, as mortes de motociclistas aumentaram em 13.521 casos.
Estima-se ainda que o país registre mais de 150 mil feridos graves por ano, em uma proporção de quatro feridos para cada morte. Entre 2007 e 2018, os custos decorrentes dos acidentes de trânsito chegaram a R$ 1,5 trilhões.

Sob a perspectiva municipal, Mauro Junqueira ressaltou que não é necessária a criação de novas legislações, mas sim o cumprimento das já existentes. “Gostaria de iniciar pela Constituição Brasileira. O artigo nº 196 garante a saúde como direito de todos e prevê a política social, que assegura o acesso a transportes públicos seguros”, afirmou. Junqueira também chamou atenção para o subfinanciamento da saúde pública.
“Nos 35 anos do SUS, após a lei 8.080 que regulamentou o sistema, o Governo Federal destinou em média 1,2% do PIB à saúde. Só que a população envelheceu e precisa de melhores condições de atendimento. Os medicamentos que atendem melhor a população estão mais caros. São apenas R$ 5,80 por habitante para cuidar da saúde”, destacou. O secretário executivo do Conasems destacou que a ausência de transporte público adequado leva o cidadão a comprar motocicletas como alternativa de mobilidade.

Marcos Musafir apresentou enquete realizada pela SBOT em parceria com o Instituto Informa, respondida por 95 chefes de serviço e preceptores de residência em ortopedia, que avaliou os últimos seis meses nos serviços da área. O levantamento mostrou o panorama dos traumas envolvendo veículos de duas rodas. “Existem várias soluções que vão da prevenção por políticas públicas aos esforços legais, mas tudo precisa ser baseado em informação”, destacou.
Para Leonardo Villela, do Conass, “para o gestor do SUS, nada é mais aterrorizante do que os sinistros de trânsito, principalmente os provocados por motocicletas. Além do prejuízo humano das mortes, ferimentos e sequelas, o impacto econômico é enorme. Os custos para o sistema público de saúde e para a previdência, somados aos medicamentos de alto custo, são expressivamente altos. Vagas hospitalares e centros cirúrgicos que poderiam ser usados para reduzir filas de cirurgias eletivas acabam sobrecarregados com vítimas de acidentes”, afirmou.
Ainda na ocasião, foi lançado o Prêmio SBOT de Reportagem 2025, que terá como tema central “Prevenção de acidentes de moto e o papel da sociedade na redução de mortes e lesões graves”. Poderão concorrer reportagens publicadas ou veiculadas entre 1º de janeiro e 15 de outubro de 2025. As inscrições são gratuitas e poderão ser feitas no site oficial da SBOT (namotonamoral.com.br) entre 18 de setembro e 25 de outubro de 2025. As matérias serão avaliadas por uma comissão composta por jornalistas, médicos especialistas em ortopedia e traumatologia, representantes da sociedade civil e profissionais da área de segurança no trânsito.
Confira as fotos do debate:

Créditos de imagem: Maria Luíza Diniz - Conasems
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